Quinta, 02 de Maio de 2024
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Wagner Teixeira é multado por interação com baleia e suspeita semelhante recai sobre Bolsonaro

25/08/2023 17h01 Atualizada há 8 meses
Por: João Paulo Carrilho Fonte: O Globo

O vereador Wagner Teixeira (Avante), foi multado em R$ 2,5 mil pelo Ibama, conforme mostra um auto de infração do último dia 14. Motivo: o órgão entendeu que o parlamentar teria “molestado de forma intencional” uma baleia jubarte, da qual se aproximou em junho, durante um passeio de barco no litoral paulista. A aproximação indevida a menos de 30 metros do animal, na análise da fiscalização baseada em vídeos publicados nas redes, desrespeitou uma lei de 1987, além de uma portaria e um decreto mais recentes. As normas determinam que embarcações com o motor ligado fiquem a cem metros desses espécimes marinhos.

 

Além de Teixeira, o Ibama suspeita que Jair Bolsonaro teria incorrido na mesma irregularidade. O ex-presidente passou o feriado de Corpus Christi no litoral norte de São Paulo e pilotava um jet ski na mesma região onde foi registrado o avistamento de baleias em que houve o episódio de Teixeira, de acordo com o próprio vereador. O órgão analisa imagens, também publicadas nas redes, em que um homem persegue uma jubarte num jet ski enquanto a filma com o celular. Apoiadores de Bolsonaro usaram esses registros para exaltá-lo, dando a entender que é ele quem aparece nas imagens — “Bolsonaro fica frente a frente com uma baleia (...) Veja que cena linda (...)”, diz um desses conteúdos.

 

O Ibama abriu dois procedimentos para tratar do tema.

O primeiro, referente a Teixeira, foi concluído e resultou na multa aplicada ao político. Ele irá recorrer da sanção: afirma que desconhecia as normas, como a maior parte da população, e que a fiscalização só se atentou ao caso devido à presença de Bolsonaro. E relata que, ao se aproximar da baleia, tentava alertar um integrante de outra embarcação que estaria em risco após mergulhar próximo ao animal, intencionalmente. O vereador também argumenta que, se soubesse da irregularidade, não teria ele próprio publicado imagens da jubarte nas redes sociais — as mesmas analisadas pelo Ibama.

 

O segundo procedimento é relativo aos vídeos em que Bolsonaro apareceria. Técnicos do órgão esperam confirmar as suspeitas sobre o ex-presidente em contato com Teixeira, uma vez que ele seja notificado da punição, com 20 dias para defesa. Também há uma tentativa de coletar novas filmagens da ocasião para identificar, sem dúvidas, a identidade do piloto do jet ski que perseguia a jubarte.

 

Diz Teixeira:

— Estive com o Bolsonaro no dia anterior (ao do avistamento) e também naquela data. Ele estava indo embora para Ilhabela, de jet ski, e tinha passado na minha frente meia hora antes de eu ver a baleia. É provável que ele a tenha visto também, mas eu não estava com ele na hora e não posso garantir que tenha acontecido.

 

Junto aos vídeos compartilhados por apoiadores e da presença na região do avistamento, confirmada por Teixeira, o histórico também pesa contra Bolsonaro. Em 2012, o então deputado foi multado em R$ 10 mil por pesca irregular na Estação Ecológica de Tamoios, entre Angra dos Reis e Paraty (RJ). Em 2019, quando Bolsonaro já era presidente, a gestão dele demitiu o fiscal responsável pela autuação.

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